Um sopro

"Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente." (Clarice Lispector)

Almas com almas

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Pobre ovo frito

“Quem achar a sua vida, a perderá”: é como o tal ovo que existia por ele mesmo sobre a mesa, e que depois de ter sido visto, simplesmente morreu; o ovo morreu porque foi achado. Eu o incomodei na sua preciosa inexistência, na sua morte viva. Assim: eu estou morta, como disse, para destruir com a realidade. Se tomo consciência de mim, por completo, adeus vida – eu me suicido. Pois morto, eu quero a vida, secretamente. E vivo, só posso querer a morte, e com veemência. Deixa-me ser como o ovo que está sobre a mesa sem que ninguém o perceba; sem que ninguém o veja demorado. As pessoas me matam. Por mim, eu existiria sem saber: mas chamam meu nome o tempo todo – ovo?, ovo, responda! (Virgínia)

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