Um sopro

"Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente." (Clarice Lispector)

Almas com almas

domingo, 30 de maio de 2010

A enfermidade salvadora

Os portões fechados do cérebro foram abertos: escaparam milhares de sensações perigosas, assim como haverá um dia em que o diabo sairá da sua prisão. As sensações clandestinas me causaram maravilhas, soltas e à vontade em cada parte de meu corpo. A mente se rendeu, abdicou-se de uma mera vigia, e dessa feita pude conhecer como essa agudeza sensorial secreta que estava aprisionada faz o humano se distinguir das outras criaturas vivas. Alguém deve ter experimentado isso para dizer que o homem é a semelhança de Deus! Durante o sono, na dor que não conseguimos esquecer, no nosso próprio desespero, contra a nossa vontade, chega até nós a sabedoria, por intermédio da majestosa graça da enfermidade!