...
_ Que solidão. Parece depois de uma queima de fogos de artifício. Aquela quietude; nem carro, nem vento, nem passarinhos.
_ Você não tem amigos?
_ Não tenho nem a mim mesma, vou lá ter amigos? Eu me achei – e me perdi.
Silêncio.
_ Quero morrer.
_ Ora, mas quem não quer?
_ Sei lá. Meu gato. Nunca o ouvi se queixar. Acho que ele sabe que vai morrer na hora certa.
_ E por que você não se adianta?
_ Meu espírito já está de malas prontas; o corpo é quem reluta. Que faço contra ele? Não sei se devo atentar contra meu próprio corpo; o desejo, não nego. Porque não tenho mais nada para fazer aqui e estou enrodilhada na vida feito um inseto na teia da aranha. Alguém precisa de mim para se alimentar?
_ Sim: o seu gato. Você teria coragem de deixá-lo?
_ Foi ele quem me deixou, ainda não lhe disse?
_ Não. Bem, nesse caso, pois, não haverá uma “aranha” e você terá, infelizmente, de esperar.
_ Presa?
_ Sacuda-se, reflita, pense, grite, cante, blasfeme, faça um escândalo; não tem outro jeito – logo você se esgota e facilita as coisas.
que triste.
ResponderExcluir(ouveram algumas indentificaçoes de minha parte para com Virginia)