Um sopro

"Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente." (Clarice Lispector)

Almas com almas

domingo, 20 de dezembro de 2009

Virgínia: uma profetisa?

Então um vaticínio é ilusão puro-sangue? Não chegarei à verdade alguma, mas saberei que profecias são frutos duma tremenda ausência do “mundo real”. Escrevo esse livro, por exemplo, vitimada por uma doença mental; não é gracioso o que apuro? E enquanto isso durar, eu não buscarei a cura; talvez nem ao término. Porque eu toquei no nada; não sou profeta e não faço aqui adivinhações – eu faço arte. Meu “elemento tóxico” é o cigarro, e isso, francamente, não conta. De alguma maneira eu recuperei aquela aguçada sensibilidade que permitiu que hoje fôssemos racionais. Tomei como base um pouco de leitura; depois evitei distrações de todo tipo; e então a intuição se me fluiu da fronte feito água mineral. Não tenho nada o que revelar, e talvez as coisas que escrevo sejam bastante óbvias: podem ser óbvias agora que você as terminou de ler, caro leitor; antes, elas dormiam em você, submersas e insondáveis. Isto é prever não o futuro, mas o agora-latente. (O Livro Secreto de Virgínia)

Um comentário:

  1. Bruninho, que saudades ! Fiquei super triste quando soube que vc foi embora daqui de Americana. Que bom que agora podemos nos falar através dos blogs. Adorei sua proposta e vou te linkar passarei sempre por aqui. Vc entrará nos meus favoritos.
    Bjs
    Clau

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