Um sopro

"Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente." (Clarice Lispector)

Almas com almas

domingo, 27 de dezembro de 2009

A arte de Virgínia

Mas temo que muito da Arte venha da sublimação; isso seria negar qualquer Inspiração? “Idealizar ou converter em algo espiritual (impulso físico ou carnal); transferir energia da libido para outro objetivo, interesse etc.”, diz o dicionário – e a psicologia. Desde a criatura humanóide àquela dos dias de hoje, a sublimação tem sido a maior e mais importante característica da raça. Porque não há compreensão; porque nem sequer existe a compreensão que o ser Humano procura, isso tem de ser muito bem inventado e esquematizado. Pela Arte? Há tantos outros meios de escapar da falta de destino; mas o artístico ainda é predominante. Eu, que sou uma coisa que não sei. Gato sabe que é gato? Barata sabe que é barata? É disso que falo; e é a partir daí que vêm a arte e a cultura. Alguns artistas exteriorizam meus “Eus” reprimidos; mas é a Arte que faz isso – eis a discórdia: para quem vai o mérito? É preciso entender que seres Humanos artistas são conduzidos por “espíritos artísticos”, e então seus íntimos explodem desvairados; de repente acontece de um deles parecer com um dos meus. E por que eu não os expresso sem depender do outro? Ora, basta que eu não fique quieta, esperando: ou canto, ou pinto, ou danço, ou escrevo; ou escandalizo – porque estapafúrdios são os “Eus” da gente.

A tolice, a incompreensão e a imundície Humana: onde é que o Humano não fede, não é tolo e nem se imbeciliza tentando compreender as coisas? Na Arte.

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