Eu não sei por que gosto tanto da solidão se ela faz mal. E nessa solidão parece que eu vejo o rosto de Deus; e eu vejo meu coração e minha alma e vejo como funciona a minha razão; e mesmo assim, falta tanto; acho que eu escrevo pra ter alguém, pra conhecer alguém, pra ficar rodeado de gente; estou num poço fundo e a claridade é uma corda; não sei se subo; estou um pouco cansado... essas coisas me dão trabalho e talvez eu deva sofrer como recompensa; minha vida é pro outro. Mas que eu queria muito viver diferente, ah, isso eu queria. Dói ver o tempo passar. E nada acontecer. Minhas mãos estão cheias de sementes; mas cadê o chão da realidade? ... Que é que se pensa do real que eu não possa participar, eu, o sonhador? Eu sonho e vivo, não estou morto ou preso a uma cama. Eu não sei o que devo mudar. Eu mudo e mundo muda? Isso não é mudança! É concessão! O mundo é sei lá. Quem disse que os meus olhos estão errados ou tortos? A vida é que parece não ter direção; vá ver é coisa de escolher. Mas eu quero tudo; tenho medo de escolher e me arrepender; nesse caso, escolhe-se de novo. Escolhi uma vez só: eu quero tudo. Ninguém quer tudo; todo mundo quer uma coisa só. Por isso sou tão sozinho. As pessoas não gostam dos soberbos – querer tudo é um pecado. Eu sofro a consequência da minha escolha – a solidão faz mal porque ninguém quer me ouvir que vejo Deus.
Gostei do texto-espelho, Bruno.
ResponderExcluirPor vezes meu eu-lírico também almeja a mesma escolha: tudo.
Obrigada pela leitura.
Beijos :)
H.F.