Minha vida? Ela estava angustiada dentro de casa; seus pais assistiam à televisão, mórbidos e entorpecidos, e então ela pediu as chaves do carro: "vou comprar cigarros"; eles apenas grunhiram. Foi até o posto de gasolina, encheu o tanque, comprou maços e maços, e pegou a estrada sem saber para onde ir, enquanto pudesse rodar por aí. Minha vida atravessou uma estrada erma e sem árvores, uma pastagem seca e um sol ardido; encontrou um boteco, resolveu parar, pediu um conhaque, acendeu um cigarro e flertou com estranhos. Comprou uma ficha do jukebox, botou uma música, dançou um pouco, pediu outro conhaque. Lá fora estava quente; e ela não queria voltar ao volante; outra vida ali arranhava o violão, e a minha se sentou perto e ficou. Agora não sabe para onde vai, só com a roupa do corpo. "Qual a cidade mais próxima?", ela pergunta; "Não sei... mas você chega lá; segue". Entrou no carro, girou a chave, deixou uma lágrima cair e percorreu não sei para onde no escuro atrás de "chegar"; ou não. Seguir e só seguir. Conhaque e cigarros. Boa viagem, vida minha.
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