Um sopro

"Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente." (Clarice Lispector)

Almas com almas

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Epílogos diários

São momentos delicados e sangrentos, que explodem purpúreos, como janela que se abre para o lado do sol das nove e meia quando ainda nem acordamos direito. As pupilas são esmagadas, os olhos são espremidos por alguns segundos, descompactando-se calmamente em cores depois de um flash: verde, carmim, preta. E se desperta então para o cansaço e a velhice mesmo quando o branco é ausente, por enquanto. A manhã chama a gente sem paciência, como o filho insistente, “mãe... manhê... ô mãããe!”... e a gente fica nervoso e grita sem querer, “mas o que é, diabos?”; manhãzinha violentamente infantil com sua luz aborrecida e demoníaca e orfã, desculpe minha impaciência de adulto nervoso e estúpido, eu não sei ser pai nem mãe.

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