tag:blogger.com,1999:blog-40144252146952819202024-03-05T07:28:07.931-08:00De Nada em Nada no EscuroBruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.comBlogger60125tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-13047416699366728992012-12-16T13:52:00.002-08:002012-12-16T13:52:29.829-08:00Adeus, amado<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Bookman Old Style","serif"; font-size: 10.5pt;">... Guardando
na mochila, em panos, a esperança quente de um coração que se amornava pela
ansiedade: mas o caminho era o mesmo de toda vez! A impressão de que nada era
para sempre amedrontava suas pernas e seus olhos tremiam ridícula e cinicamente
estrábicos, embora o estrabismo fosse inocente e de nascença. Ah, não ia se
despedir: no quarto, a lamparina ficou queimando e havia azeite como água para
o mar. “Eu parto cheia de... de quê?”, e a dúvida a encheu de: de tanto pensar
ficou sem fôlego, esqueceu de respirar. Profundamente respirou; então se
lembrou: “Amar é buscar, buscar é amar, e caranguejo peixe não é”... Por que
diabos brincam com a mentira? Mas ela seguiu adiante, a mochila pesava a
esperança de aço: “Eu vou me encontrar no olho do mundo porque o mundo me vê
quando ninguém sabe”... Esperança, esperança sôfrega e zarolha: “Que vazio!”...
Estava cheia de quê, mesmo? De sangue, de vísceras alegremente demoníacas, e de
uma sensibilidade estertorante e bela como um quadro de pintor louco: “Estou
cheia de surpresa e alegria terríveis!”. E um vento que realmente ventava
avivou seus cabelos: “Sim, enquanto vivo, sou livre como meu cabelo!”...
Apaixonada por si mesma e, no encanto do sonho possível, pisou numa poça de
lama, belo sapato alto manchado: “Minha beleza é lama!”... Tirou os sapatos e
os lavou delicadamente num córrego doce: “A lama sou eu, em fazimento, pois só
me completo quando fico seca e triste”... Oh, a tristeza era a beleza maior do
vaso pronto, enfim, pronto, lustroso. Sua testa brilhou no sol: “Preciso
retocar a maquiagem”, bonita, fêmea. “Eu o amo!”... O grito veio de dentro: “Eu
o amo e me amo por isso!”... O grito incompreensível e tolo: “Eu me amo por
amor dele!”. E Deus, com seu grande olho mundano, a viu partir para a
eternidade de recomeços: “Por amor de mim é que amo e realizo nela o encontro
do perfeito mistério e da paixão com gosto de azul; seja feliz, curiosa pomba,
que de tua pancada na vidraça faço arte inspirada”... E que saudade dessa moça;
fica em paz, fica em paz. Mil olhos de sabedoria puro ouro. <o:p></o:p></span></div>
Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-24140874189597296292012-04-18T18:37:00.000-07:002012-04-18T18:38:35.261-07:00<div style="text-align: justify; font-family: Georgia, serif; line-height: normal; "><span ><span style="background-color: rgb(255, 255, 255); font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 18px; ">O pecado e a enfermidade são as sutilezas de uma incrível e nova – sem esquecer que tantos organismos já melhores existem há bilhares de anos – criatura humana. Sem eles, não dá para apurar nem a força nem a fraqueza, muito menos a sobrepujança da raça. A superioridade da minha espécie nisto se concentra: pecamos e ficamos doentes da cabeça.</span><span style="background-color: rgb(255, 255, 255); font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 18px; "> </span></span></div><span style="font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; line-height: 18px; background-color: rgb(255, 255, 255); "><div style="text-align: justify;"><br /></div></span>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-24465893694133446992011-11-09T06:34:00.000-08:002011-11-09T06:37:45.674-08:00Ruelas<p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify"><span style="font-size:10.0pt; font-family:"Verdana","sans-serif"">Quem quer ser igual a quem tenha plenos direitos? Ah, pois não se quer ter direitos individuais: é preciso ser igual a alguém que já tenha direitos muito bem discriminados. Então os direitos que o outro tem são os que eu quero também. Eu sou igual ao outro? Eu sou na condição em que o outro vive. Que condição? A condição é coisa externa; se for interna, daí é regimento. Direitos iguais são para os que aceitam os regimentos. Que ninguém é igual a ninguém é verdade; mas há a precisão. Estou falando, por acaso, em identidade? Ao que parece – todo rio corre para o mar. No mar os rios são iguais? No entanto, o rio que corre para o mar nunca cessa. Que diabo de metáfora estou criando? Ah, ah: o grande mar mantém rios como ramificações de vidas, o rio é vivo e constantemente rio até que: acho que falo de morte. O mar é o povo do mundo? No mar estão todos os direitos à vida e à morte de tudo o que existe. Ora, o mar não é o povo. Eu sou rio. O único direito do rio é fluir à vontade, naturalmente ao seu destino, que não é sabido, mas é destino. Rios são diferentes: só no mar são iguais. E o curioso é que o rio não enche o mar. Mas os rios de gelo, esses eu não entendo. <sub><o:p></o:p></sub></span></p> <p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-50243673442569762452011-10-03T18:03:00.000-07:002011-10-03T18:05:23.796-07:00Eu e tal<p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify"><span style="font-size:12.0pt; font-family:"Calisto MT","serif"">Muitas pessoas me acham sério demais. Sério e triste. É que sou de alegrias mansas e tímidas, não sou de escândalos. E essa seriedade acho que é porque me sinto cansado: pensamentos muito difíceis me cansaram. O fato de ninguém me ver rir não quer dizer que eu não desfrute de instantâneas e clandestinas felicidades: eu não rio para evitar rugas – eu rio dentro. O que eu quero é tão pouco que: nem sei o que eu quero. Mas a vida se me é, aleluia! – não sou de pedir muita coisa, e o que eu recebo da vida é o que ela adivinha que eu preciso. As únicas coisas que eu peço, e para Deus, são misericórdia e perdão, pois vivo um conflito que é assim: eu tento amar a mim mesmo e a Jesus Cristo. Ah, tenho saudade da mãe que não fui; e pai para mim não tem graça. Por que eu escrevi cinco livros? As pessoas me elogiam, mas não entendem. Eu que escrevo não entendo: não aceito nenhuma glória. Deve ser porque: o que eu escrevo é doado. Nunca fui egoísta: eu vos amo; por isso minha espécie de literatura é sempre um movimento de procissão. Fico contente quando alguém me lê e valoriza e sente o que leu e não dá importância a quem escreve. Na verdade, eu não gosto de dizer que sou um escritor: não quero tanta solidão. Então eu apenas escrevo involuntariamente, porque perto de mim não há atmosfera de discussões literárias, amém. Eu sou livre. E quero que todos sejam livres também. Não aprisiono ninguém: eu distribuo asas. Desejo que todos tenham a mesma bela harmonia entre razão e sensibilidade que alcancei; e um contato delicado com a Natureza – com Deus. Contudo, não sou exemplo de nada, por favor: minutos comigo e descobre-se que sou cruel. Eu tenho um ódio nato: ódio de amor. <span> </span><o:p></o:p></span></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-44357128869087156472011-06-02T21:27:00.000-07:002011-06-02T21:36:30.433-07:00Rainha Virgínia<p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:52.0pt;line-height: 15.0pt;mso-line-height-rule:exactly"><span style="font-size:10.5pt;font-family: "Palatino Linotype","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:Tahoma;mso-bidi-language:#00FF">_ Quem te deu a maçã, senhor homem? <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:52.0pt;line-height: 15.0pt;mso-line-height-rule:exactly"><span style="font-size:10.5pt;font-family: "Palatino Linotype","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:Tahoma;mso-bidi-language:#00FF">_ Ora, a mulher! <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:52.0pt;line-height: 15.0pt;mso-line-height-rule:exactly"><span style="font-size:10.5pt;font-family: "Palatino Linotype","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:Tahoma;mso-bidi-language:#00FF">_ Certo; quem deu à luz ao seu <i style="mso-bidi-font-style:normal">Salvador</i>? <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:52.0pt;line-height: 15.0pt;mso-line-height-rule:exactly"><span style="font-size:10.5pt;font-family: "Palatino Linotype","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:Tahoma;mso-bidi-language:#00FF">_ Quem mais que não uma mulher? <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:52.0pt;line-height: 15.0pt;mso-line-height-rule:exactly"><span style="font-size:10.5pt;font-family: "Palatino Linotype","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:Tahoma;mso-bidi-language:#00FF">_ Não foi o seu <i style="mso-bidi-font-style:normal">Salvador</i> como uma outra maçã que lhe ofertei para que pudesse, finalmente, distinguir o Bem do Mal, e conhecer o Céu e o Inferno, e de novo dores e sacrifícios? <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:52.0pt;line-height: 15.0pt;mso-line-height-rule:exactly"><span style="font-size:10.5pt;font-family: "Palatino Linotype","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:Tahoma;mso-bidi-language:#00FF">_ Assim eu o escrevi e determinei.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:52.0pt;line-height: 15.0pt;mso-line-height-rule:exactly"><span style="font-size:10.5pt;font-family: "Palatino Linotype","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:Tahoma;mso-bidi-language:#00FF">_ Muito bem, você se adiantou: não sou, pois, a sua mais alta <i style="mso-bidi-font-style:normal">inteligência</i>, o seu arroubo maior de espanto diante do <i style="mso-bidi-font-style:normal">Universo</i>, a sua maior covardia vencida, o seu <i style="mso-bidi-font-style:normal">cérebro</i>, ao invés de um naco de sua costela? Não sou eu a sua maior ambição? Não me fez dar à luz o seu “salvador” isento de suas gametas para que eu fosse a mais perfeita e intocável das criaturas vivas e que pudesse gerar, então, um ser completamente diferente de sua ignorância e brutalidade; e levando em conta que é impossível uma fecundação sem cópula, aquela que julgou imoral porque dela se aprazerou sem critérios durante toda a sua existência? Isto sem mencionar todas as “deusas” da sua mitologia como se tivesse desejado ser uma mulher. Isto sem mencionar todas as vezes em que, num passado bárbaro, você se deitou com outros homens como se fossem ideais de mulheres que empreenderam de modo doentio, homens inventando mulheres e homens adoradores de homens por tais brilhantes e fantasiosas criações sobre o gênero feminino. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:52.0pt;line-height: 15.0pt;mso-line-height-rule:exactly"><span style="font-size:10.5pt;font-family: "Palatino Linotype","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:Tahoma;mso-bidi-language:#00FF">_ Mas que disparate diz!<span style="mso-spacerun:yes"> </span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:52.0pt;line-height: 15.0pt;mso-line-height-rule:exactly"><span style="font-size:10.5pt;font-family: "Palatino Linotype","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:Tahoma;mso-bidi-language:#00FF">_ Não é disparate, é fato. Você se considera “sábio”, por essas e outras? <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:52.0pt;line-height: 15.0pt;mso-line-height-rule:exactly"><span style="font-size:10.5pt;font-family: "Palatino Linotype","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:Tahoma;mso-bidi-language:#00FF">_ Você, mulher, não sabe o que diz! Devia me agradecer e beijar meus pés por tudo o que lhe conferi de melhor, e não parecer tão louca e difamadora. Não foi por menos que nunca lhe dei voz; pois não teria você desejado ser como um homem? Não é você, nestes tempos, como um homem? Não me perseguiu, não se apoderou de todo o <i style="mso-bidi-font-style:normal">meu</i> conhecimento e agora não o possui de modo a ter os mesmos sentimentos de um homem? <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:52.0pt;line-height: 15.0pt;mso-line-height-rule:exactly"><span style="font-size:10.5pt;font-family: "Palatino Linotype","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:Tahoma;mso-bidi-language:#00FF">_ Sou louca e sou homem, e você ainda me adora e se apaixona e se deita comigo. Deita-se comigo e não se satisfaz, porque sua ordem não é ao lado de uma mulher, nunca foi. Eu obedeci à Natureza, e cuidei de sua prole. Mas o homem que lhe parece mais sensível e ter alma feminina continua a sua obsessão. Quanto a ser louca e difamadora, e de ter “se apoderado de seus conhecimentos”, isto representa como sou superior, e como eu soube esperar e não ser tão sonhadora e estúpida. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:52.0pt;line-height: 15.0pt;mso-line-height-rule:exactly"><span style="font-size:10.5pt;font-family: "Palatino Linotype","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:Tahoma;mso-bidi-language:#00FF">_ Se hoje você é o que é, mulher, deve a mim, que venci batalhas e que avancei por todos os campos do saber...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-indent:52.0pt;line-height: 15.0pt;mso-line-height-rule:exactly"><span style="font-size:10.5pt;font-family: "Palatino Linotype","serif";mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:Tahoma;mso-bidi-language:#00FF">_ Obrigado, pois, por ter sido meu “tão valente servo”, e por ter me trazido o tesouro mais precioso do mundo. Eu, a <i style="mso-bidi-font-style:normal">Rainha do Universo</i>, lhe alforrio, e agora você pode tentar <i style="mso-bidi-font-style:normal">ser um homem de verdade</i>, depois de tanto me bajular. Mas saiba: o seu legado heróico será esquecido; e, como sempre, por minha terna compaixão, considero como <i style="mso-bidi-font-style:normal">Arte</i> todas as suas lucubrações. A partir de hoje, a bíblia e toda a mitologia será somente um debuxo do que o homem pensou saber um dia, já que todas as pessoas podem compreender o que digo sem escândalos e sem culpa, seja pela História, seja pela Biologia, seja pela Teologia, seja por uma lhana Inspiração. Esta Rainha, louca, liberta a Humanidade da grosseira razão do homem, e permite que <i style="mso-bidi-font-style: normal">Deus</i> seja de cada um conforme sua sensibilidade. Agora, vá, porque tenho muito trabalho para corrigir todos os danos que você causou no mundo com sua insolência e covardia. Posso ser como o homem, hoje; e destarte, desfazer seus erros e amadurecer o ser Humano sem a sua leviandade. Mulher sempre fui, e sempre serei.<span style="mso-spacerun:yes"> </span>Quanto a você, boa sorte para se distinguir de mim. E não ouse sacar de novo espadas: é tempo de sermos genuinamente racionais. Neste momento, <i style="mso-bidi-font-style:normal">eu escrevo</i> as boas novas, com meus hormônios no seu devido lugar, inspirada. Se não for por essa via que vá desafiar meus escritos, será decapitado. Agora retire-se.<o:p></o:p></span></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-31756808957187376752011-05-25T17:13:00.001-07:002012-04-18T18:41:53.884-07:00Para matar a sede insaciável<p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify"></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;line-height:normal">cancelado.</p><p></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-89685420664844612812011-05-02T21:27:00.000-07:002011-05-02T21:28:15.194-07:00Virgínia, a santa demoníaca<p class="MsoNormal" style="text-align:justify;line-height:15.0pt;mso-line-height-rule: exactly"><span style="font-size:11.0pt;font-family:"Palatino Linotype","serif"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-bidi-font-family:Tahoma; mso-bidi-language:#00FF">Vamos acreditar que Deus tenha criado o universo e tudo o que nele há. Trabalho feito, foi refestelar-se no seu altíssimo trono. Quem cuidaria de algo tão bom, delicado e perfeito aqui embaixo? O mal. O mal protege o bem. As forças do mal gerenciam a vida animada e inanimada; tudo nasce, morre e renasce. Seria esse mal o diabo? A natureza é a igreja do diabo. Os homens constroem seus templos onde rogam às alturas pela misericórdia do Supremo Criador. Aqui na Terra a maldade tem sido eficaz: ao longo de milhares de séculos tudo tem se transformado e evoluído adequadamente. No reino da natureza, a brutalidade e a crueldade são essenciais. No “reino dos homens”, essa criatura que desenvolveu a “inteligência” (eu diria estupidez) para substituir os poderes inefáveis do instinto, criou o conceito “alma” – os humanos são demônios! Eu sou demoníaca – ai de mim sem um Redentor! Eu minto, engano, sou dissimulada, uso a beleza para matar, os sentidos para ludibriar – oh, o que fiz do mau que era bom? Eu invento lúcifer para espalhar corrupção e me isentar da culpa. Eu dei a pior designação para o mau, que era inocente; eu prostituí as eras e com meu sexo deturparei as vindouras. Não é que exista lúcifer e que eu o invoque e o incorpore: eu dou “inteligência” às forças (instintos) malignas por natureza e assim faço da Terra um inferno. Aquelas perguntas idiotas: bicho, planta, pedra – “eles têm alma”? Só a criatura humana inteligente tem “alma”: essa é a única distinção para o humano – é a criatura procurando se redimir de sua própria inteligência através de um “Criador imaginário”, de uma substância etérea independente que o infla e que é sua “salvação”. O bem para o homem é um esforço, é uma obrigação moral e religiosa; o mal é a felicidade plena, é o gozo dos Céus – ah, se ao menos uma galinha sorrisse para mim.<o:p></o:p></span></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-36807262835176165042011-01-21T07:09:00.000-08:002011-01-21T07:13:48.237-08:00Deus dorme?<p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 2cm; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">Era certo que entre as conversas de Vitória e Vicente um silêncio os abraçava, de vez em quando. Abraçava, e eles podiam sentir o próprio calor do sangue, ou o fervoroso tropel de pensamentos indômitos. Ainda mais quando estavam lá, no topo da encosta. Fazia um silêncio diferente; pois nada cessava de todo: o vento, os bichos noturnos e, absolutamente, o mar. Talvez um silêncio perturbador, porque era como se os dois voltassem a uma natureza muito antiga de suas espécies, e trouxessem à memória doce melancolia e saudade; sons mais intensos e provocantes do que os evocados pela consciência remota e primordial de um cérebro que se forma no ventre de uma mãe – eles eram transportados para o ventre primeiro da existência. A lua se fazia notável em alguns dias; um olho arregalado. Um olho.</span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 2cm; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">_ Parece-me que há uma contradição.</span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 2cm; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">Vitória regressou ao presente:</span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 2cm; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">_ Deus não dorme à noite; nem na noite temos a liberdade de que pensamos gozar. Vê a lua? É um olho de Deus; e se pode fitá-lo. Constrange, pois é um olhar muito silencioso. Dá a impressão de que é um olhar de sonâmbulo; mas é ardiloso com sua monótona luz. O sol: ele queima. Tão sincero e judicioso olhar, que logo pune. Seríamos punidos constantemente, não fosse pela noite, o homem, eternamente um tolo pecador. </span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 2cm; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">_ Pois que castigo brando nos inflige a lua?</span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 2cm; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">_ Brando? Oh, creio que é o castigo mais doloroso! Sendo tão impassível, a lua, então punimo-nos. Nós mesmos nos punimos à noite; é a terrível consciência que percorre cada canto de nossas vidas, e nos acusa. </span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 2cm; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">_ Não dou ouvidos à minha consciência, não à noite. </span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 2cm; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">_ Já tentei fazer isso, Vitória; pode ser que a ignoremos – mas ela acha seu meio de manifestação, e não percebemos. Fumo mais nas noites. Bebo também. Faço coisas que me destroem aos poucos e, no entanto, elas me parecem prazerosas.</span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 2cm; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">Vitória pensou que Vicente podia estar certo; ela logo refletiu sobre sua vida noturna; ah, o prazer que é um engano: </span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 2cm; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">_ Somos enganados <i style="mso-bidi-font-style: normal">por nós mesmos</i>, o tempo todo. Acredito que não há influência alguma que possa ser exercida sobre nós se não o quisermos. Até sobre o pecado podemos estar enganados... Difícil saber.<span style="mso-spacerun: yes"> </span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 2cm; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">_ Somos nossos piores inimigos. </span></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-14232183292708267472010-12-01T14:21:00.001-08:002010-12-01T14:22:25.966-08:00A mulher<p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 21.3pt; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">Vitória também estava amando? Mas ela não dizia: não dizia o quê? “Eu te amo”? Ah, Vicente não esperava que ela dissesse para perceber ou se certificar; tão melhor que calassem essa frase e que somente a proferissem com tamanha sabedoria que viria dum estado de espírito final, arrebatador e mortal. Dir-se-iam o “eu te amo” antes do salto, pois se permanecessem vivos depois dessas palavras, adoeceriam terrivelmente: eram duas pessoas distintas, embora suas almas tivessem alguma semelhança e se comunicassem e quisessem se unir; cada um individualmente egoísta e colorido. Não, não há união, nem sequer o matrimônio pode unir duas pessoas – elas fenecem e perdem a cor. Vicente e Vitória eram livres demais: os dois tinham descoberto certa liberdade bastante intensa e peculiar; poderiam se suportar, tolerar, aprender qualquer coisa, mas lutariam sem consciência contra a presença um do outro. O inferno é, realmente, <i style="mso-bidi-font-style: normal">o outro</i>? Como não se sofre com o anseio e a dor do próximo; como não é perturbadora a injustiça, a ignorância, a violência, a falta de... Amor? Mesmo a forma mais sublime de amor traz inquietações e sofrimento.</span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 21.3pt; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">Parece que ou se ama ou se vive. Dá para amar e viver? Não: viver não é amar, e amar não é viver – acontecem separados. Será que quem ama tem o direito de desejar ficar só de quando em quando? De não falar, ver nem tocar quem ama? Ah, mas isso não quer dizer que a presença do outro seja desagradável, e que se queira encontrar outro amor na distância necessária e passageira: seria apenas alguém que ama e tem a vida para viver, um mundo para descobrir, sozinho. Ora, e por que não descobrir esse mundo juntos? Não é possível: são mundos particulares que se quer encontrar. Então partem os dois na caminhada; o amor é um laço sutil e invisível, e eles estão livres para a descoberta de seus próprios mundos. Também, o mundo de um pode não ser interessante para o outro; mas sobre isso eles conversam depois, e conseguem compreensão – a mais harmoniosa e altruísta forma de individualismo. Muitos não conseguem entender: traem e matam seus amados. Cada um vive e ama, e amam essa disciplinada e fundamental independência.</span></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-17502025219837690722010-12-01T14:17:00.000-08:002010-12-01T14:21:09.362-08:00O homem<p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 21.3pt; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">Vicente não sabia amar. Como é que se ama alguém? É algo que se aprende ou já se nasce sabendo? O único amor que deve existir é o de mulher-mãe; para compensar, o deus-pai ama a todas as outras criaturas. Mas amor de mãe é um feitiço; e o Deus desconhece-se. Se o amor é algo que se aprende, como provar que se está no caminho certo? Duas pessoas que se amam estão constantemente à prova; e em matéria de amor, quem é melhor: o homem ou a mulher? Os dois estão enganados: a mulher se engana com a maternidade, e o homem... Bem, o homem sempre pensará que é um deus. Ninguém sabe amar! Mas tantos dizem <i style="mso-bidi-font-style: normal">eu te amo</i>; ah, a eterna repetição: “eu te amo”, oco e sem sentido. O amor do Cristo foi um amor de piedade: é preciso ter dó da pessoa amada, e também se é amado por dó. “Eu te amo, pois és um perdido” e “Eu te amo por ser uma lastimosa invenção”. </span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 21.3pt; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:Calibri;">Grande mistério, o amor: pela psicologia, um egoísmo doentio; pela psiquiatria, uma obsessão patológica; pela sociologia, um altruísmo; pelo cristianismo, uma compaixão; pela filosofia... Pela filosofia sei lá eu, filósofos não sabem o que querem da vida; pela poesia, flor e dor; amor por amor é: a resposta que vale uma fortuna, e ninguém para palpitar. Vicente ficou triste, um pouco cansado de pensar nisso, e adormeceu, pois o que é o amor só seria revelado na dissolução de pensamentos que é o sonho, para ser preservado da limitada compreensão humana – Deus prefere que os humanos brinquem como crianças de almas ainda não formadas com o amor, e que assim seja, amém. </span></p><p style="TEXT-INDENT: 21.3pt; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p><span style="font-family:Calibri;"> </span></o:p></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-11736491794429699562010-11-03T18:10:00.000-07:002011-10-03T14:22:35.246-07:00Nada mais é puro<div align="justify">Vitória foi até a varanda do apartamento de Vicente; dava de frente para o mar. E era uma noite calma, o próprio mar numa calmaria de quem contempla o ócio depois de grande labor; tanto rebentou suas ondas nas rochas; as rochas também descansam – mas com certa dor, assim como a criatura humana ali tivera um dia de sol sofrido, um dia de vida que desgastou com algumas de suas células. Vitória recebia num ímpeto a vida: batia e voltava, batia e voltava; ela envelhecia, apesar de ser energizada e transformada pelo sal. Vicente se aproximou e viu a mulher gasta pelo tempo de vida, olhando quase sem piscar para aquilo que lhe rebentava uma alegria sofrida. Não tinha ninguém na praia; Vicente olhava o mar e esperava, como se dele fosse surgir um ser perfeito e divino, que faz isso: sai de casa escondido dos pais. Morava no oceano esse ser, que um dia pudesse ficar entre os humanos, abrindo mão da imortalidade, porque ia secar. Que ia fazer entre os humanos? Ah, iria surpreendê-los, e contar-lhes a verdade mais dura de todas, a primeira e única que aprenderia aqui fora: “nós somos pura solidão e angústia”. Vitória via o mar e sentia nele muita presença, “ah, ali não há solidão nem angústia”; a realização maior da Natureza, plena e feliz, “deve ser uma festa lá embaixo”.<br />_ Você consegue sentir o cheiro da noite?, veio Vicente, lá da festa, todo molhado e salgado.<br />Vitória ia responder o óbvio: de maresia nauseante; mas sabia que não era desse cheiro que Vicente lhe perguntara, ah, cheiro de noite tem sempre coisa de infância. Ela respirou fundo umas três vezes; cheiro de quê?<br />_ Não sei dizer; o olfato não funciona sozinho.<br />“O olfato não funciona sozinho”... Os cinco órgãos dos sentidos todos dependentes um do outro, indissociáveis. Não se consegue sentir o cheiro da noite porque é preciso, antes, se lembrar de alguma que se viu, comeu, ouviu ou tocou.<br />_ Noite não tem cheiro, concluiu Vitória. </div>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-83256774810763052332010-09-15T16:01:00.000-07:002010-09-15T16:06:02.161-07:00Sementes ciganas<p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-FAMILY: 'Verdana', 'sans-serif'; COLOR: black; FONT-SIZE: 9pt">Sabe, uma vez eu pensei, pensei, e acreditei que em apenas um dia, sem contar tempo, esquecendo-se dele; em um dia que o sol nasce e se põe, é possível uma existência plena: você em contato profundo com você mesmo, esquecendo o mundo, as leis, o bem, o mal; um contato seu com seu "espírito", e milhões, infinitas sensações acontecem nesse único dia. Tudo bem, isso pode até ser possível – talvez necessário; mas viver é tão surpreendente! A gente, sem perceber, lança sementes ao vento, o tempo todo; quando menos esperamos, alguém traz as flores e os frutos dessas sementes que germinaram, e estão muito felizes. Você não tem certeza de que essa alegria da pessoa veio de uma das sementes que você soprou por aí, mas sente, no fundo, sem conseguir explicar, que, sim, é verdade: foi você. Isso dá um prazer imenso pela vida! Que venham muitos amanhãs; há sempre surpresas. Num dia, não sei qual, mas num dia, alguém virá trazer para você a mais bela flor e o mais saboroso fruto que nasceu de uma semente que se soltou da árvore frondosa e forte que você é, se tornou, será, e num fim, foi; e veja que não será um fim: você estará espalhado por todos os cantos, num ciclo perfeito, divino – eterno.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-FAMILY: 'Verdana', 'sans-serif'; COLOR: black; FONT-SIZE: 9pt"><o:p> </o:p></span></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-18108652396623986452010-08-17T16:24:00.000-07:002010-08-17T16:27:01.766-07:00Penso, logo existo; existo, logo penso; etc e tal.<div align="justify">A filosofia, a ciência e a religião têm lá suas verdades absolutas; mas, vem cá, chega mais, deixa-me lhe fazer uma pergunta quando você se depara com uma dessas verdades: FAZ SENTIDO PARA <strong>VOCÊ</strong>?</div>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-3580354596985071242010-08-16T17:08:00.000-07:002010-08-16T17:09:26.732-07:00O fim que acende estrelas<p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="FONT-FAMILY: 'Book Antiqua', 'serif'">Eu existo, Ulisses! Sem origem, sem herança de sangue, memórias, cor, credo, classe social, civilidade; eu existo, neste momento, agora. Como dói existir: dói a ponto de se desejar a morte, depressa, já, cada minuto a mais dessa sensação é insuportável, sufocante. Vem, morte, que estou pronto! Neste único dia que termina, eu existi tão plenamente que não pode haver um depois; não há nada mais que se possa acrescer – continuar é viver uma vida de falsidades. A magnitude desse instante tanto me inflama que pede a fatal combustão: sou estrela que vai explodir. Brilho eterno é o sol. Eu sou o sol? Não: sou um pequenino astro de luz emprestada. O sol: insuportável, inatingível.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 35.45pt; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="FONT-FAMILY: 'Book Antiqua', 'serif'"><o:p> </o:p></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="FONT-FAMILY: 'Book Antiqua', 'serif'">E no negror existencial desta noite cósmica eu, o singular astro luminoso universal no seu grau máximo de luminosidade e incandescência – eu estouro. <span style="mso-spacerun: yes"> </span><o:p></o:p></span></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-60688024656359040352010-07-25T15:14:00.000-07:002010-07-25T15:16:53.159-07:00Indícios da enfermidade salvadora<p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: 'Arial', 'sans-serif'; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-language: #00FF">Se por acaso sentir uma profunda melancolia e um desgosto pela vida, não procure de imediato psicólogos e psiquiatras; passeie os olhos por sua existência até então, reveja suas escolhas, perceba fatos que não foram superados. O mundo tem preservado por milênios “valores e conceitos fundamentais” (mas eles não são perfeitos e indubitáveis) que têm mantido o avanço de civilizações, que têm mantido o seu “rebanho” sempre adiante – ele não quer que uma ovelhinha se disperse e encontre novos caminhos, pois que há! Existe uma Ordem sobre o comportamento em sociedade para fazer do homem uma ferramenta para a evolução industrial, Ordem que reprime e censura qualquer inclinação humana indiferente aos moldes econômicos da Nação. Esta Ordem, quando foi criada, visava trazer “paz” aos homens sociais. Ora, como seria possível fazer da criatura humana, aquela que pensa, que sonha, que duvida, que muda, sensível, dona de instintos genuínos que revelam o que deve fazer uma simples máquina orgânica? Depois de milhares de anos, mesmo rodeado das mais ataviadas construções culturais, morais, filosóficas, científicas, religiosas, o homem não sabe quem é. E não é a psicologia – compactuada com a Ordem, muito menos a psiquiatria!, que fará o ser humano reacender a chama de existir, de ser, de ter liberdade, de refletir, de dominar a si próprio, de se conhecer. Depressão não é uma doença: é um dolorido despertar para a existência; não deixe essa chance nas mãos de “profissionais da saúde mental”, eles só farão reprimir e sedar, e garantir que o indivíduo que está começando a sentir sangue correndo nas veias seja covardemente afastado daqueles cujos corações bombam fluidos industriais, de espírito e de alma secos, que rangem atritando-se um no outro – os que interessam. Instrua-se, seja mestre de si, busque sabedoria, antes de ir ter com psicólogos e psiquiatras: eles estão preocupados com a “paz mundial”, não com o ser humano – com você. <span style="mso-spacerun: yes"> </span></span><span style="FONT-FAMILY: 'Arial', 'sans-serif'"><?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-24646348078959393792010-07-18T14:56:00.000-07:002010-07-18T14:58:51.454-07:00Contemplação<p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-FAMILY: 'Verdana', 'sans-serif'; COLOR: black; FONT-SIZE: 9pt">Precisava ver a beleza das ilhas que encontrei mar afora; pena que não dá para parar o movimento, e eu tive de ir em frente, deixar pra trás. Quando cheguei à praia, eu escalei o rochedo e fiquei olhando, olhando do alto... não senti saudade; será que é um grande sonho? Será que eu escrevo sonhos? Escrevo e não entendo. Quem diz que entende o sonho é um farsante. Eu estava ali, vivo, olhos abertos, ouvidos captando sons e sons, e não tive ideia nenhuma por onde começar: começar o quê? Eu já estou na metade! E nem sei quem sou; ou para onde vou. Acho que é isso: vou e sou, basta.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-84049267644224061442010-07-10T08:56:00.000-07:002010-07-10T08:57:42.944-07:00Para além do bem e do malResta a cada ser humano decidir se é senhor ou escravo.Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-12847265204737922892010-07-06T16:36:00.000-07:002010-07-06T16:38:32.569-07:00A enfermidade salvadora III<p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="font-family:'Book Antiqua', 'serif';">Do que a enfermidade me salvou? Da eterna repetição. Eu era um rato de biblioteca e era também cativo da moral. Ler muito e viver cheio de pudor eram a minha desgraça: isso é ser saudável. É saudável que se infle o cérebro de conhecimentos variados e também que se evite o mal com excesso de bondade. Eu esbanjava saúde, mas era terrivelmente infeliz. Renunciado. Resignado. Gordo. Indolente. Tagarela. A enfermidade me fez dizer sim ao que era proibido e estranho, e nessa permissão a liberdade se me apareceu resplandecente. Eu não estava livre apenas para decidir por conta própria, mas livre de mim mesmo, da vida, das verdades que os homens contam. Estar enfermo me proporcionou um passeio pelo lado negro e contrário das coisas, e ali vi inferno tão belo. Não era um inferno de almas atormentadas, correntes ou lagos de fogo: era um inferno pessoal, era o meu canto mais profundo e abandonado, coberto por heras geladas, líquen e microrganismos. Eu vi meu eu recôndito e precioso. A minha essência. <span style="mso-spacerun: yes"></span><?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><o:p><span style="font-family:Calibri;"></span></o:p></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-16048979340094009742010-06-14T16:05:00.000-07:002010-06-14T16:06:09.820-07:00A enfermidade salvadora II<p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-FAMILY: 'Book Antiqua', 'serif'; FONT-SIZE: 12.5pt">Pois sou pura alma. No auge da enfermidade não neguei a mim mesmo? Agora sigo após o messias. Tudo o que é humano não tem valor nenhum; minh’alma segue pujante rumo à perfeição. Que é agora. Agora eu sou uma criatura perfeita. Puro instinto e intuição. Neguei-me a condição de pensar, pois a alma é sábia porque só intui. A sabedoria é espontânea; isto a enfermidade me deu – sentir sem artifícios, simplesmente respirando e olhando e ouvindo. “Quem pensa não é sábio; é estupidamente escrupuloso”; o homem é uma criatura religiosamente moralista – “negar a si mesmo” é uma transgressão em favor da alma, sábia, intuitiva, mãe dos instintos de vida e de morte, e da justiça. A alma é a inocência primitiva.</span><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12.5pt"><?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-64321157567539261102010-06-08T17:35:00.000-07:002010-06-08T17:39:24.200-07:00Na estrada<p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-FAMILY: 'Verdana', 'sans-serif'; COLOR: black; FONT-SIZE: 9pt">Minha vida? Ela estava angustiada dentro de casa; seus pais assistiam à televisão, mórbidos e entorpecidos, e então ela pediu as chaves do carro: "vou comprar cigarros"; eles apenas grunhiram. Foi até o posto de gasolina, encheu o tanque, comprou maços e maços, e pegou a estrada sem saber para onde ir, enquanto pudesse rodar por aí. Minha vida atravessou uma estrada erma e sem árvores, uma pastagem seca e um sol ardido; encontrou um boteco, resolveu parar, pediu um conhaque, acendeu um cigarro e flertou com estranhos. Comprou uma ficha do jukebox, botou uma música, dançou um pouco, pediu outro conhaque. Lá fora estava quente; e ela não queria voltar ao volante; outra vida ali arranhava o violão, e a minha se sentou perto e ficou. Agora não sabe para onde vai, só com a roupa do corpo. "Qual a cidade mais próxima?", ela pergunta; "Não sei... mas você chega lá; segue". Entrou no carro, girou a chave, deixou uma lágrima cair e percorreu não sei para onde no escuro atrás de "chegar"; ou não. Seguir e só seguir. Conhaque e cigarros. Boa viagem, vida minha.</span></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-74890065271256127562010-06-04T12:33:00.000-07:002010-06-06T11:25:38.716-07:00Eu sou um filósofo?<p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: 15pt; MARGIN: 0cm 0cm 0pt; mso-line-height-rule: exactly" class="MsoNormal"><span style="FONT-FAMILY: 'Palatino Linotype', 'serif'; mso-fareast-font-family: 'Times New Roman'; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-: #00FFfont-family:Tahoma;font-size:11;" >Não consigo me decidir se tenho ou não algum problema mental – só sei que estou cansado de <i style="mso-bidi-font-style: normal">pensar</i> que sei das coisas (pode ser que eu saiba); estou cansado de afirmar que tenho “consciência” da estranheza de meus pensamentos e de minhas sensações como uma desculpa para não sucumbir, quando é o que eu mais desejo – perder de vez a razão. Não vou nunca terminar de “racionalizar” com meu obscuro, que é uma ilusão!, e morrerei estafado, envelhecido antes da hora, magro, infeliz; por <i style="mso-bidi-font-style: normal">Deus</i>!, eu sou um filósofo? Os filósofos são muito fortes, isso é verdade; ficam suspensos numa corda sobre um abismo, e mesmo que as mãos se cansem e sangrem, eles não se soltam. Eles não querem o abismo; querem provar que são mais fortes que eles próprios. <?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></p><p style="MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><o:p><span style="font-family:Times New Roman;"></span></o:p></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-12431704335423877342010-05-30T17:21:00.000-07:002010-05-30T17:22:38.980-07:00A enfermidade salvadora<p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="FONT-FAMILY: 'Book Antiqua', 'serif'; FONT-SIZE: 12pt">Os portões fechados do cérebro foram abertos: escaparam milhares de sensações perigosas, assim como haverá um dia em que o diabo sairá da sua prisão. As sensações clandestinas me causaram maravilhas, soltas e à vontade em cada parte de meu corpo. A mente se rendeu, abdicou-se de uma mera vigia, e dessa feita pude conhecer como essa agudeza sensorial secreta que estava aprisionada faz o humano se distinguir das outras criaturas vivas. Alguém deve ter experimentado isso para dizer que o homem é a semelhança de Deus! Durante o sono, na dor que não conseguimos esquecer, no nosso próprio desespero, contra a nossa vontade, chega até nós a sabedoria, por intermédio da majestosa graça da enfermidade!<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 35.45pt; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNoSpacing"><span style="FONT-FAMILY: 'Book Antiqua', 'serif'; FONT-SIZE: 12pt"><o:p> </o:p></span></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-88901994784708214262010-04-30T17:01:00.001-07:002010-04-30T17:05:33.082-07:00É difícil falar...<p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="font-family:Calibri;">Se me descobri ou me encontrei, desconheço; se isso tivesse acontecido, um par de asas se me teriam nascido nos ombros; no entanto, meus pés continuam descalços no chão. Nasci e a vida me descobriu; e a vida me criou dizendo que a natureza ia sempre cuidar de mim, que a genética do fio de meu cabelo e do pó das estrelas era a mesma, de modo a estarmos sempre ligados. Na verdade, o humano descobre-se nascendo, mas não sabe; até que passe um tempo e ele se torne capaz de saber, já estará numa multidão de outros humanos que também não sabem nada. E as estrelas, que não falam, observam; e a natureza que não fala, observa; só quando o humano derrama sangue ele finalmente descobre quem é, mas não vive para dizer. </span></p>Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-85311875052431807892010-04-15T10:54:00.001-07:002010-04-15T10:55:17.353-07:00Impossível falar sobre coisas humanas e não pecar por execesso de ironia e sarcasmo; preocupante é ouvir só poesia.Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4014425214695281920.post-28530302686585931182010-04-08T10:34:00.000-07:002010-04-08T10:36:17.258-07:00Até quando nossas narinas terão de suportar o odor de urina humana masculina em Deus?Bruno Giraldellihttp://www.blogger.com/profile/03439420980004092507noreply@blogger.com0