Um sopro

"Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente." (Clarice Lispector)

Almas com almas

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O segredo da vida

Porque os insetos têm a brutalidade orgânica de Deus e eu tenho uma linguagem exata para isso. Se olho demorado uma barata, eu descubro de onde vim, por exemplo. A barata não diz nada, veja bem, eu é que invento coisas porque barata nos olhos é uma pergunta rogatória. Naquilo que não se exprime eu emprego a minha lexicologia. Num inseto que eu não abro e não sei, que é diferente de um cão que faço babar por um estímulo artificial, é que uso as palavras – é impossível não metaforizar com um mosquito.

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